26 de fev. de 2008

DOIS

No final da tarde, antes do fim daquela vida antiga, dois corações palpitavam quase no mesmo compasso, duas palavras foram pronunciadas e ouvidas antes de se perderem pelo ar. Uma morte sussurrou seu nome, uma nova vida surgiu e gritou para a realidade. Descobriram que o sol beijava tudo com sua luz, daquele momento em diante o medo seria tratado como lenda. Aquilo acabaria apenas junto com o mundo, não poderia ter outro fim tal sentimento. Naquele instante o universo ganhava um irmão, aquela sensação também era infinita.

Os olhares se cruzavam e pulverizavam os seres ao redor, não havia chão ou paredes, ambos flutuavam em meio ao nada. Não sabiam o que faziam, as palavras eram criadas sem qualquer intenção, totalmente desprovidas de razão, falavam consigo mesmos, já que não estavam mais separados. Seus corpos se tornaram fantasmas, intocáveis, indefesos, havia apenas a consciência, incapaz de discernir realidade de sonho. Os relógios continuavam funcionando, mas o tempo havia parado.

Nomes e cores perderam o sentido, suas crenças se unificaram, não precisaram de explicações durante aquela breve eternidade. Cada um de seus sentidos parecia ter sido forjado especialmente para aquele momento, perceberam qual era o motivo de estarem vivos, sentiam-se completos finalmente. Nada estava escrito, os dois caminharam até lá, sentaram-se debaixo da mesma árvore, pensavam as mesmas coisas, sentiam o mesmo, falaram sério, disseram a verdade.

3 comentários:

Anônimo disse...

aeee...belo texto!! =D

Dai De Gasperi disse...

Acho que me encontrei nessas linhas =)

Anônimo disse...

Quando li, esse teu texto, me pareceu uma música do Nem Order... mas depois me lembrei que "Dois" também dá título à uma música do Paulo Ricardo...
Acho melhor tu trocar o título...
Hahaha..
Dos teus que li, esse foi o melhor...!!!
Falou!!!

Lucas Stahl Schneider