15 de fev. de 2008

VALORES INCONSCIENTES

A casa está em péssimas condições, situada não se sabe bem onde... Falo daqueles sonhos que não são lembrados, me refiro àqueles que vivem sem estarem despertos. Ela está lá, ainda de pé, e assim deve permanecer, pois abriga uma fortuna. Incontáveis quilos de dinheiro, de todas as partes do mundo, cobrem o chão, sobem pelas paredes desgastadas. Nesse mesmo chão repousa um casal, eles se olham fixamente, não perceberam que lhes faltam os braços e as pernas, estão juntos e podem admirar as íris. Começa a chover, o telefone toca, o dinheiro não se move.

O negociante de ossos aparecerá, entrará usando uma capa que lhe proporciona um corpo e seu chapéu que lhe confere um rosto. Quando começar a chover ele abrirá a porta de madeira, arrastará para dentro sua caixa repleta de restos mortais... Crânio destruído por um projétil, aquela ossada com perfurações nos punhos, pés e peito. O negociante não demorará, verá o telefone cheio de poeira em cima de uma mesa e dois esqueletos incompletos no chão, pegará duas moedas, abrirá sua caixa e voltará pra o lugar de onde não gostaria de ter vindo.

Sozinho em sua mansão o milionário carregou o trinta e oito cromado. Ligou para um número aleatório, precisava conversar com alguém, ninguém atendeu... Sempre que procuram por explicações eu ofereço vários tempos, para que tentem descobrir. Estava tudo vazio, a mansão, a garrafa de vodka e sua vida, em condição contrária se encontrava o tambor da arma, ele não se daria outra chance de sofrer. Os vidros da cristaleira estremeceram com o disparo, mas o milionário não morreu, a bala não chegou a estourar sua cabeça, antes que isso pudesse acontecer ele desapareceu, não havia mais corpo. Nunca houve ossos em seu túmulo.

Um comentário:

Bárbara Lipp disse...

caprichou nesse hein! muito bom marcelo!
bjao