5 de fev. de 2008

ARTE

Uma exposição de arte não muito longe, Salvador Dalí vivo nas paredes brancas, admiradores simplesmente emocionados, colecionadores certamente apaixonados, Cecília e Léo se distanciando. A genialidade com que as tintas foram grudadas nas telas absorve a atenção de Cecília, a riqueza dos detalhes convida-a para uma viagem através de seu interior, à procura de significados para o que vê e não vê, tudo repleto de beleza e complexidade. A distância entre os quadros inquieta Léo, são apenas delírios de um louco com bigodes esquisitos, a graça durava pouco.

Mãos unidas, pensamentos disparelhos, assim estão Cecília e Léo, uma fotógrafa emotiva, um arquiteto meticuloso. A jovem segue os passos da música que ouve, vai de obra em obra, suspirando e comentando. Para Léo só há o silêncio, ele apenas acompanha os passos de valsa camuflada da noiva, fora do ritmo, ouve tudo que se origina na boca rosa clara dela, não concorda com nada, discorda do que não entende. O tempo se esvaindo, apenas relógios deformados, seres diferentes do contexto, nada mais que plantas nascendo de ovos. Cecília e sua fruição, Léo e sua exatidão.

O mundo continua o mesmo lá fora, a afinidade não, fotógrafa e arquiteto discutem sobre pontos de vista, diferenças gritantes. A imaginação fértil impede Cecília de aceitar que não havia nada demais naquelas telas, a insensibilidade mantinha Léo distante da vastidão de significados que as obras proporcionavam.
- Léo, sua fixação pelos cálculos, pela exatidão, te tornaram uma pessoa tão mecânica, fria...
- Mesmo assim vejo seus olhos como dois lindos baús repletos de emoções, trancados à sete chaves, mas que eu sei como abrir. Seus movimentos com a câmera te transformam em uma caçadora das imagens desta vida tão caótica. Você é uma pintura, repleta de significados.
Dalí é esquecido, o mundo está diferente, Léo e Cecília nunca estiveram distantes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom ^^