29 de abr. de 2008

A NOITE GLACIAL E O MAR VOADOR

Não basta abrir os olhos para ver além da face de vidro, caminhar pelos planos não é o bastante, perguntar não resolve a questão, argumentos são insuficientes para se ganhar o coração. O vizinho nunca serei eu, o ateu não sabe mais quem é alguém, os relógios não estão certos, mas continuam correndo, os escuros tornam-se mais atraentes quando sorriem, as almas pedem para serem esquecidas, não querem incomodar. Os astros se organizam no céu, no espaço, no infinito, na vida, no destino, eles mexem em tudo e não modificam nada.

Os dias não conhecem o caminho de volta, na noite seguinte você esquecerá tudo de novo? Ensine as crianças a subir nas árvores, prepare-se para correr, acredite que qualquer um pode morrer, há raízes por todos os lados, algarismos nos sonhos, exatidão na união. A luz do sol petrifica os motivos, eu dou bom dia de madrugada, tudo acabou terminando durante o carnaval, um de nós quis ser os dois, ninguém conseguiu ser um sequer. O complicado anda entorpecendo, paralisando desejos, é o mais novo ditador de uma nação lendária.

O vento levará os balões daqui até aí, se eles chegarem não haverá por que ficar parado, deixar o abstrato de lado, o telefone vai parar no lago e as labaredas jantarão dinheiro. Você está falando mas eu só ouço a minha voz, eu estou jurando mas você não está sabendo... Vamos estender o mapa sobre a mesa nova, curar nossa cegueira, definir as rotas, criar os rumos, imaginar o caminho, levantar da cama e andar juntos até cansarmos, apenas para podermos voltar juntos de onde viemos. Temos que parar de olhar ao redor, de tirar o sentido das coisas que falamos e escrevemos, essa foi a última vez. Nosso amanhã terá sol e chuva, são distantes e diferentes, mas estarão unidos.

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