23 de jul. de 2008

HISTÓRIA DE PAPEL

Eu não sabia se colocava um ponto ou uma vírgula naquela história. Acabei optando pelo ponto, percebi que não havia mais como continuar. Logo depois de ter decretado o fim me pus a rever o breve romance, relembrá-lo, revisá-lo. As reticências estavam em seus devidos lugares, escorregando no final de frases que deveriam terminar... Algumas perguntas pareciam ter sido feitas em ocasiões inoportunas... Mas, afinal, uma boa história deve mexer com o leitor, instigá-lo, não é mesmo? Decidi não alterar as interrogações.

Não demorei muito para chegar às reviravoltas. Aqueles momentos cheios de surpresas, sentenças extensas, mas que dão a impressão de não ocuparem muito espaço, instantes de impacto, capazes de mudar os planos, as teorias, de embaralhar os pensamentos. Foi aí que notei a falta de clareza, havia compreendido o motivo de ter optado pelo ponto final. Convenci-me de que o basta havia entrado na hora certa, já não existia mais nada, só confusão. Todo o brilhantismo, a criatividade e o amor que pontuaram o início da história haviam desaparecido.

O que era para ser uma ficção intensa e envolvente nunca deixou de ser uma história. Não foi fácil desenterrar da memória as frases inacabadas, as perguntas cortantes nos momentos complicados, e os diversos pontos que foram, aos poucos, sendo semeados pelo romance. Procurar e encontrar os motivos que geraram o fim, revendo página por página, lembrando situação por situação, é uma tarefa árdua e demorada, mas é assim que se chega ao final entendendo-o. O romance não estava no papel, era escrito por nós, com sentimentos vermelhos, sobre nossas alvas vidas.

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