Um homem enforcado diz para eu não me preocupar. Enquanto engole sapos, uma senhora pede para que não me conforme. Uma criança desacordada exige que me dedique mais. Uma mulher presa ao passado tenta me confortar dizendo que amanhã tudo estará mudado. Em uníssono, pessoas monocromáticas afirmam que ninguém é igual a ninguém. Um gato cinza aparece no meio da noite para lembrar que tenho apenas uma vida. Lá longe, uma singela lembrança para de tecer o futuro e me questiona sobre o presente. Minha sombra prova que não estou só, minha mente jura que sou são, meu coração promete que continuará apenas batendo daqui para frente. O vento me aconselha a seguir uma direção concreta. As imponentes montanhas dessa serra querem que eu não duvide dos meus passos. Esse chão empoeirado me alerta para os perigos da submissão. Já ficou escuro o dia de hoje, mas não parece ter passado tanto tempo assim... Como acreditar nos relógios se eles, mais cedo ou mais tarde, mentirão uns para os outros?
2 comentários:
Cada vez que leio algo teu meu mundo se alarga. está escrevendo cada dia melhor Marcelo, tem que publicar!
Ótimo texto, Marcelo.
Sempre é um prazer perceber que você de quando em quando publica alguns excertos que cria aqui no seu espaço.
Sua carpintaria textual me impressiona.
Fraterno abraço,
Eduardo.
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